Dia da Revolução Cultural

Dia da Revolução Cultural

Dia da Revolução Cultural.

Revolução Cultural foi uma campanha desenvolvida por Mao Tsé-Tung a partir de 1966, com o objetivo de perseguir seus opositores no interior do partido e membros da sociedade que não se alinhavam com a ideologia de Mao. A Revolução Cultural estendeu-se por 10 anos, disseminou violência no país e resultou na morte de milhões de cidadãos chineses.

Contexto do Grande Salto Adiante

A Revolução Cultural está diretamente relacionada com o fracasso do Grande Salto Adiante (ou Grande Salto à Frente), um plano econômico desenvolvido por Mao Tsé-Tung, na época presidente da China, durante a década de 1950. A ideia desse plano era a de promover a industrialização da China, já que o país naquela época ainda tinha uma indústria muito incipiente.

Durante esse plano, Mao promoveu a criação de uma série de comunas e fez com que os camponeses aderissem a elas para produzir ferro e aço para a indústria chinesa. Esses camponeses foram obrigados a abandonar a produção de itens agrícolas para concentrar-se na metalurgia. A transferência de milhões de trabalhadores para essa atividade acabou desregulando a economia chinesa.

O resultado disso foi desastroso e a produção agrícola da China despencou, com isso, o país foi obrigado a comprar alimentos de nações ocidentais, para amenizar esses efeitos. Em consequência do Grande Salto, no começo da década de 1960, a China enfrentou a Grande Fome, e os historiadores afirmam que de 20 milhões a 40 milhões de pessoas morreram pela falta de comida no país.

Disputa no interior do partido

O plano econômico proposto por Mao, além de ter sido uma tragédia para a população chinesa, foi ruim para a popularidade do líder no interior do Partido Comunista Chinês, o PCCh. Mao passou a ser criticado, e uma disputa de poder e influência começou a delinear-se nos quadros daquele partido.

A facção de Mao, enfraquecida pelo fracasso do Grande Salto, começou a visualizar o crescimento da facção de Liu Shao-Chi e Deng Xiaoping, que tinha uma visão mais moderada acerca das transformações e das políticas que Mao defendia para a China. Foi dentro desse contexto que Mao planejou a Revolução Cultural.

As críticas a Mao no interior do partidotambém eram uma influência da desestalinização que havia acontecido na União Soviética. Esse processo colocou fim ao culto ao líder naquele país, sobretudo a Stalin, e isso se refletiu na China, sobretudo na forma como Mao era tratado. A desestalinização também contribuiu para piorar das relações entre URSS e China, pois Mao não concordava com as medidas do governo soviético.

Quais foram as causas da Revolução Cultural?

Podemos dizer que a causa imediata que levou Mao a lançar a Revolução Cultural foi o seu desejo de recuperar o poder que havia perdido na China e no interior do PCCh desde meados da década de 1950. A justificativa dada por ele, no contexto da revolução, para atacar seus adversários foi a de alegar que esses eram burgueses e conservadores que estavam desvirtuando o socialismo na China.

A ideia de Mao era retirar pessoas com visões mais moderadas dos cargos de influência do partido, o que incluía o atual presidente chinês Liu Shao-Chi, um dos maiores críticos de Mao no período. Além disso, os membros do partido que procuravam manter uma relação de cooperação com a URSS também deveriam ser afastados, segundo Mao.

Revolução Cultural

A Revolução Cultural foi basicamente uma política de repressão e censura contra os que pensavam diferente de Mao. Esse tipo de atitude já havia sido realizado por ele quando era presidente da China. Na década de 1950, foram realizadas as campanhas Três Anti, Cinco Anti e Antidireitista. Estas visavam perseguir capitalistas, burgueses e pessoas que criticassem o líder chinês.

A Revolução Cultural foi organizada por Mao em parceria com sua esposa, uma antiga atriz chinesa chamada Jiang Qing. Esta fez parte da Gangue dos Quatro, um grupo de quatro pessoas filiadas ao PCCh que atuaram destacadamente nos 10 anos da revolução. Além de Jiang Qing, esse grupo foi formado por Zhang Chunqiao, Wang Hongwen e Yao Wenyuan. Os historiadores consideram que uma crítica realizada a uma peça, chamada “A destituição de Hai Rui”, foi um prelúdio do que viria durante a Revolução Cultural. Essa crítica foi realizada por Yao Wenyuan, como citado, um dos quatro membros da Gangue dos Quatro.

A Revolução Cultural foi iniciada oficialmente quando Mao tornou a disputa no interior do PCCh pública e publicou a Circular 16 de Maio. Nesse documento ele convocava a população da China para auxiliá-lo na luta contra os reacionários e burgueses em crescimento no país. Isso fez com que as massas, sobretudo estudantes, aderissem à convocação de Mao e iniciassem um período de violência na China.

  • Guarda Vermelha

Quando Mao convocou a população, foi criada a Guarda Vermelha, milícia popular que seguia as ideias de Mao conforme elas foram registradas no Livro Vermelho. Os membros da Guarda Vermelha estavam espalhados por toda a China, difundindo o maoismo e denunciando aqueles que o criticavam e não se encaixavam nos seus ideais.

Os membros da Guarda Vermelha foram orientados a perseguir os “quatro velhos”, conjunto de coisas que deveriam ser superadas no país. Essas coisas eram as velhas ideias, as velhas culturas, os velhos costumes e os velhos hábitos. Com isso, um dos primeiros alvos da revolução foi a milenar cultura chinesa.

  • Ataques, denúncias e censura

O confucionismo foi atacado, assim como artefatos milenares. A religião também foi atacada e templos começaram a ser destruídos em todo o país. Os grandes alvos da Revolução Cultural foram os intelectuais, como cientistas e professores, além da classe de artistas. Esses eram exatamente os grupos que mais criticavam Mao. Livros que difundiam conhecimentos entendidos como ocidentais foram censurados e incendiados.

A Revolução Cultural era verdadeiramente uma tentativa de reformar radicalmente a cultura chinesa, apagando em definitivo traços da cultura pré-revolução. A perseguição contra os professores no país praticamente parou o sistema de educação chinês, sobretudo o superior. Os membros da Guarda Vermelha foram orientados a denunciar não somente seus professores mas também seus pais.

Os casos de violência cometida contra os intelectuais e artistas dispararam. Os perseguidos pela Guarda Vermelha eram reenviados para “campos de reeducação”, e nesses locais eram colocados em regime de trabalho forçado, além de enfrentarem reeducação política baseada nos princípios do maoismo.

  • Julgamentos e trabalho forçado

Muitos dos alvos da Revolução Cultural também foram enviados para fábricas com o intuito de prestar trabalho forçado. A ideia nos dois casos era reeducar as pessoas por meio do trabalho braçal, e é importante mencionar que as condições de trabalho nos dois lugares eram bastante ruins.

Antes de serem enviados a esses campos de reeducação, as pessoas passavam por julgamentos realizados pela Guarda Vermelha. Nesses era comum a humilhação pública das pessoas, além de serem realizadas agressões que, em alguns casos, eram tão intensas que levavam algumas vítimas à morte.

A perseguição espalhou-se pelas grandes cidades, e a violência das Guardas Vermelhas tornou-se tão intensa que Mao foi obrigado a intervir na situação por meio do uso do exército chinês, em 1969. Nesse ano, as Guardas Vermelhas foram dissolvidas, mas a turbulência causada pela Revolução Cultural só acabou quando Mao faleceu, em 1976.

Consequências da Revolução Cultural

Depois que Mao faleceu, a Revolução Cultural teve fim e um novo governo assumiu o comando da China. Em 1978, Deng Xiaoping, opositor de Mao que tinha sido perseguido e enviado para um campo de reeducação durante a Revolução Cultural, assumiu a presidência da China.

Com o fim da revolução, alguns dos crimes cometidos pelos apoiadores de Mao foram investigados e julgados, nisso se destaca o caso da Gangue dos Quatro. Os quatro membros da gangue foram julgados e condenados; a esposa de Mao, por exemplo, foi sentenciada à morte, mas teve sua pena alterada para prisão perpétua. Ela cometeu suicídio na prisão, em 1991.

Além disso, a Revolução Cultural é considerada como um período obscuro na China e é chamada de “a década perdida” pelos chineses. O país desorganizou-se nesse período, e qualquer ação voltada para o desenvolvimento da China foi colocada em segundo plano. A prioridade no país era a perseguição contra os que pensavam diferente do seu ditador.

A educação chinesa deixou de existir, principalmente a superior, uma vez que a perseguição sobre os professores universitários foi intensa. A produtividade da economia da China ficou irregular e a violência foi uma das grandes marcas desse período. Estima-se que mais de um milhão de pessoas tenham morrido em consequência da Revolução Cultural.

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